“A vida idealizada é uma das maiores inimigas da felicidade, visto que raramente se concretiza. Mais seguro é partir do pensamento filosófico de Santo Agostinho, para quem a felicidade era seguir desejando aquilo que já se possui”. Carla Furtado, fundadora do Instituto Feliciência.
Compartilho o conceito de felicidade interna bruta (FIB), um indicador sistêmico desenvolvido no Butão, um pequeno país do Himalaia. O conceito nasceu em 1972, elaborado pelo rei butanês Jigme Singya Wangchuck. Desde então, o reino de Butão, com o apoio do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), começou a colocar esse conceito em prática e atraiu a atenção do resto do mundo com sua nova fórmula para medir o progresso de uma comunidade ou nação. Assim, o cálculo da “riqueza” deve considerar outros aspectos além do desenvolvimento econômico, como a conservação do meio ambiente e a qualidade da vida das pessoas. FIB é baseado na premissa de que o objetivo principal de uma sociedade não deveria ser somente o crescimento econômico, mas a integração do desenvolvimento material com o psicológico, o cultural e o espiritual – sempre em harmonia com a Terra.
E o link desse artigo é como percebo a intermediação desse tema com carreira.
O autoconhecimento é um dos primeiros passos para a construção da felicidade, por isso, se você quer avançar na carreira, é essencial ter um entendimento de si. Isso inclui reconhecer seus sentimentos e emoções, além de identificar como eles afetam seu comportamento e suas tomadas de decisões no trabalho.
Você precisa ser autorreflexivo para esclarecer a sua “marca” de vida. Existem, na minha concepção, alguns direcionadores de marca pessoal nos quais você deve focar: valores, paixões, superpoderes, diferenciais, propósito e objetivos. Gaste tempo pensando em cada um deles. Juntos, eles vão te ajudar a definir sua promessa de valor único.
A ideia por trás da tal felicidade corporativa é manipular o já escasso senso crítico dos empregados, a ponto de acreditarem que servirem aos propósitos de um patrão/corporação poderia ir além do que a relação capital – trabalho representa; uma troca em que o capital compra a maior parte do seu tempo, portanto da sua vida, por algum dinheiro que servirá para suprir suas necessidades básicas e aquelas, frutos do consumismo, que o próprio capital criou. Trabalho é meio, nunca fim.
Espantei-me ao escutar a frase “não vendemos mais horas de trabalho, mas sim horas de vida” e me fez refletir sobre se fui feliz em 2023.
E percebi que a felicidade precisa ser compreendida como parte da estratégia.
Alcançar a satisfação e realização na carreira se tornou uma das principais metas dos profissionais nos últimos anos. Encontrar e seguir um propósito pessoal é visto, atualmente, como algo tão importante quanto uma remuneração atraente. Prazer e engajamento trazem felicidade, mas eles nunca trarão felicidade permanente se não houver propósito.
Novas formas de colaboração com a tecnologia são uma das mudanças que moldam e moldarão as tendências de carreira:
Portanto cuidado:
- O avanço das tecnologias traz novas maneiras de monitoramento das atividades dos funcionários. O mercado de software de rastreamento de funcionários apresenta rápido crescimento, mas há muitas restrições e questões morais nesse debate. Segundo o relatório do Linkedin, em 2023 os empregadores vão começar a perceber que a vigilância só está tornando as coisas piores. Trabalhadores sob monitoramento são “substancialmente mais suscetíveis a fazer pausas não autorizadas, desobedecer instruções, danificar ou roubar equipamentos do trabalho e diminuir o ritmo propositadamente”, afirmam achados publicados na Harvard Business Review.
- Uma pesquisa do Google indicou que, para 36% dos profissionais, uma proposta de emprego tem mais chances de ser aceita caso o regime de trabalho da empresa tenha a ver com sua escolha. Manter a qualidade de vida, ou o equilíbrio entre vida e trabalho, é o fator mais importante para 51% dos entrevistados na escolha por um novo emprego.
- Os locais de trabalho estão mais diversos do que nunca em termos de idade. Levantamento da consultoria Ernst & Young feito com a plataforma Maturi, mostrou que o grupo com mais de 50 anos já representa 26% da população. A previsão é que, até 2040, 57% da força de trabalho no país tenha mais de 45 anos. Pela primeira vez, temos quatro gerações ao mesmo tempo no mercado de trabalho e esse quadro se estabelece com o envelhecimento da população.
- Segundo as pesquisas do professor da Berkeley, Gorick Ng, autor do best-seller “The Unspoken Rules”, menos de 2% da geração Z, nascida entre 1997 e 2002, tem a ambição de subir na pirâmide corporativa. “Talvez porque a ideia de permanecer por 20 anos em uma empresa possa parecer um compromisso muito grande, talvez porque o ambiente corporativo não seja mais tão legal”, diz. Não é simplesmente que rejeitem a liderança. Esses jovens querem funções menos técnicas, mais criativas e com propósito, de acordo com um relatório da plataforma Glassdoor.
- Um relatório recente do Google sobre o futuro do trabalho mostra que o híbrido é a chave para atrair talentos. E um novo estudo da Tracking Happiness, com 12.455 funcionários, descobriu que a capacidade de trabalhar remotamente está fortemente ligada à felicidade no trabalho. Os trabalhadores que trabalhavam em casa 100% do tempo eram, em média, 20% mais felizes do que aqueles que não podiam ficar em home office. “Para acomodar tudo isso, as empresas terão que promover a flexibilidade, o que significa preparar os gestores e estabelecer relações de confiança entre liderança e funcionários”, diz a pesquisadora da FIA e especialista em flexibilidade, Sylvia Hartmann.
Listo algumas das principais tendências que já influenciam e serão potencializadas no nosso jeito de trabalhar no ano que começará em breve.
Para sermos felizes e gerarmos felicidade nas nossas empresas será necessário um “penso constante”, afinal:
1. Carreiras não são mais lineares;
2. Tecnologia vai precisar de habilidades humanas – e nova mentalidade;
3. Apesar das demissões, vai faltar gente para as empresas crescerem;
4. Benefícios serão chave na atração de talentos;
5. Escritórios multigeracionais já são realidade;
6. Uma geração de profissionais que não quer subir na carreira;
7. Flexibilidade traz felicidade, engajamento e reduz turnover;
8. Cresce o debate em torno do monitoramento de funcionários;
9. Semana de 4 dias ganha força pelo mundo;
10. Recrutamento mais justo;
11. Transparência salarial ganha espaço;
12. Líderes de RH são fortes candidatos ao C-Level;
13. Comunidades se formam dentro das empresas.
O que é felicidade e sucesso dentro do que acredito como Sócia da Staff RH?
Apoiar a construção da carreira dos sonhos das pessoas. Gerar sustentabilidade financeira através do alinhamento de sentido entre carreira e propósito em nosso time e na nossa empresa. O sucesso também pode ser medido pelo crescimento da empresa, satisfação dos clientes e candidatos e pela construção de relacionamentos duradouros.
A busca desenfreada do lucro pelo lucro talvez não seja o caminho da prosperidade nos negócios. Esta até aparenta alcançar resultados financeiros sustentáveis, mas não são perenes. Cada vez mais hoje, as empresas precisam comprometer-se em entender os reais desejos dos seus clientes e colaboradores para então entregá-los com maestria por meio de experiências que antecipem e excedam suas expectativas.
Os colaboradores precisam compreender o sentido de seu trabalho, como vão contribuir socialmente e para si mesmos. Despertar consciências adormecidas, explorar quais são seus dons, talentos e habilidades para colocá-los a serviço de um bem maior.
As pessoas precisam substituir o pensamento linear pelo exponencial, deixando de ver as organizações apenas como fonte de receita e passando a vê-las como fonte de vida.
Utopia ou realidade?
BIBLIOGRAFIA:
https://top-of-mind.folha.uol.com.br/2023/10/a-felicidade-e-o-caminho.shtml